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domingo, 5 de julho de 2009

PEQUENO TRIBUTO (E CRÍTICA) AO GÊNIO DA MUSIC POP

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Antes de mais nada, gostaria de afirmar que não sou fã de carteirinha do Michael Jackson (sim, o Michael, o sujeitinho responsável por milhares de jovens chamados Maicons no Brasil), principalmente nessa fase "morpho" - a de uma nova cara à cada disco lançado -, tampouco fui um dos que compraram um dos 105 milhões de exemplares vendidos do imbatível "Thriller". Tenho um LP de grandes sucessos dele, da fase inicial, e é tudo. O Michael Jackson que curti se restringe basicamente à essa sua fase, época das belíssimas "Happy", "Ben", "I'll Be There", "One Day Your Life", "Music and Me", "Got To Be There", músicas fantásticas que foram a trilha sonora de minha meninice, e a do Obama também, pois nascemos no mesmo ano... Mas gosto também e alguns discos iniciais da fase adulta.



Oriundo de uma fase de transição na carreira de Michael, o clipe dessa música, "Don't Stop 'Til You Get Enough" (sim, a música tema do Vídeo Show), lançada em 1979 no primeiro álbum solo, "Off The Wall" (foto), é o primeiro grande vídeo-clip da maioridade física e artística do Michael Jackson, e desnecessário dizer que por trás disso tudo estava o dedinho mágico do grande arranjador Quincy Jones. Esta música , inclusive, abre o disco e é um dos dois singles que alcançaram o topo das paradas norte-americanas. A canção rendeu ainda o primeiro Grammy da carreira do Rei do Pop, na categoria “Desempenho Vocal R&B Masculino”. Aliás, nesta música, quem faz a percussão é o músico brasileiro Paulinho da Costa, considerado por Michael como o maior percussionista do mundo.


Neste vídeo, é um prazer vê-lo dançando comedidamente, com sutileza, se curtindo, à vontade, senhor de si e felicíssimo, esboçando um inconfundível ar de iluminado - prenúncio do artista gigante que estava se solidificando. Michael esbanja elegância e simpatia, e com um carisma imbatível, próprio dos melhores cantores de soul e rhythm'n blues que o antecederam, e nada daquele cantor "bad" com cara de bravinho e histrionismo exagerado.

Coincidentemente, sempre que via Michael nesta sua última mutante fase morpho, de chapéu, cabelos longos, calça pula-brejo, terno preto de mangas curtas sobressaindo as mãos de dedos finos e longos, etc, sempre me vinha à lembrança a imagem clássica do espantalho do Mágico de Oz. É não é que ele interpretou esse personagem no musical "The Wiz em 1978! Neste vídeo-clip de 1979, ele pouco lembra o tal espantalho, mas curiosamente veio se transformando nele ao longo dos anos com a modificações físicas a que se submeteu. Interessante seria, dentre tantos clones morpho espalhados pelo planeta, ver algum sósia do Michael na fase "Out of All", mas o problema é que a maioria não iria reconhecê-lo... À propósito, vi no Estadão que o humorista Tutty Vasques comparou esse visual do Michael à um "Moreira da Silva de luto"... O Tutty é foda!

Dentre as várias imagens que o visual de Michael suscita, outra que me veio à cabeça depois que vi uma foto recente dele - aquela com uma barbinha mal feita -, foi a do personagem Zira do filme Planeta dos Macacos, aliás, eu estava caçando imagens para fazer uma fotomontagem comparativa da semelhança, e já havia uma na internet, pois a pessoa chegara à mesma conclusão que a minha... O irônico disto tudo, por mais incrível que pareça, é que o Michael estava mais para a macaca Zira na atual frase branca, do que na original quando era negro e tinha o nariz achatado... Vá entender!...


Tem outra: eu não concordo com a denominação "moonwalk" (andar da lua) - a dança inventada por ele - pois na lua ninguém anda mas salta, e os 40 anos da missão Apolo 11 estão aí para confirmar o fato... Aliás, o Toni Tornado - o "dinossauro do funk" - já deslizava pelo chão de modo quase semelhante (vide "V Festival Internacional da Canção", no Maracanãzinho, interpretando "BR-3"). A propósito, não era o dançar do Michael que imitávamos quando meninos, mas o do grande (em ambos os sentidos) Toni Tornado, que, na época, era uma verdadeira sensação entra a juventude brasileira. Para ser mais preciso e justo, o irado guitarrista Wayne Kramer, da maluca banda MC5, já fazia passos assim em 1969; basta ver os shows "July 19th, 1970 LIVE Widescreen" que se encontram no YouTube.

E, em se falando de "moon", se há algo de lua na carreira do Michael além de
Thriller, é o fato de que ele se transformou fisicamente seguindo fielmente a cartilha da Celly Campello, tomando banho de lua para ficar branco como a neve, no que veio, com todo o respeito, ficar parecido com uma boneca de porcelana... (outra imagem...). Opiniões à parte, eu fico com sua fase "Black Pearl", quero dizer, a fase setentista, à la Jovelina Pérola Negra...

Curiosamente, no clipe acima, ele diz à certa altura: "Estou derretendo (estou derretendo) como cera quente de vela". Pois foi exatamente isto que parecia estar acontecendo ultimamente com ele após tantas plásticas!... Vá entender a "Human Nature" do proprio homem que compôs este hit!... Apesar de parecer que pouco depois ele tenha feito uma plástica no nariz, foi muita insensatez dele não ter mantido essa "versão" física de 1979 como a definitiva, pois desta para a última, nota-se que são duas pessoas completamente distintas... A gente analisa e acaba ficando até com uma certa pena de ver os erros estéticos que ele cometeu. Veja abaixo, a fotomontagem que o jornal Daily Mail apresentou , que mostra como seria o rosto de Michael Jackson hoje, aos 50, porém, sem submeter-se a supostos tratamentos de branqueamento e cirurgias plásticas: não dá para acreditar que são a mesma pessoas - como se vê, ele só preservou o queixo... Aliás, plásticas transfigurantes como essa, devem deixar o traficante Abadia e o petista José Dirceu de queixo caído...

Curiosa e coincidentemente, dois dias antes de sua morte, o maestro Julio Medaglia, entrevistado por Jô Soares, criticou seu modo de dançar com ironia, além de falar em "guitarrinhas vagabundas". A Globo, por sinal, talvez em respeito à recente morte do astro, e poupando o maestro de duras críticas, retirou o trecho final do vídeo onde ele fazia sua irônica crítica...

Já nos anos 80, ele trazia ainda músicas que pareciam extraídas de discos da década anterior como a belíssima "Human Nature" (1982), minha música predileta de "Thriller". Dessa mesma década, das outras que tocaram na rádios, gosto de "Beat it" (1984), com a guitarra de Eddie Van Halen, e de "Bad" (1987), com aquela levada simples mas incrível de contrabaixo de bateria.

Mudando um pouco de assunto, não vi ninguém perguntar porque, apesar de todos os membros do Jackson Five serem maltratados pelo pai, só o Michael ter ficado com sequelas, à ponto de, criança, vomitar quando o pai aparecia à sua frente! Simples: é que o Michael tinha uma sensibilidade diferente da dos irmão - era mais frágil, se assim posso dizer -, e, por outro lado, não é à toa que ele foi o único a ser bem sucedido na banda - e a resposta é esta mesmo: questão de sensibilidade...

Enfim, com o passar dos anos e o distânciamento crítico, concluiremos o óbvio: o truísmo berrante e garrafal de que Michael Jackson ( na foto, em 1979) era um gigante sobre o qual só se pode falar por meio de superlativos, gênio único em sua arte - talvez venha se tornar o maior icone pop de todos os tempos -, e sua morte determina claramente o fim de uma era, e lembrando-se que ele representou "o apogeu comercial da era do long play (pré-CD) e o princípio da era do video", com sua morte se sacramenta a derrocada das grandes gravadoras, e talvez o surgimento de um cenário musical onde talvez inexistirão artistas versáteis e completos, como os grandes entertainers do show bizz do século XX. A propósito, o papa da Motown - o grande Berry Gord -, sentenciou: Michael, criou "aquilo que nunca tinha sido criado (...). Ele é simplesmente o maior entertainer que já viveu". Quincy Jones, por sua vez, disse: "Compartilhamos os anos 80, atingindo alturas que, afirmo humildemente, talvez jamais voltem a ser atingidas. (...) Foi o maior artista do planeta. (...) Em 50, 75, 100 anos, sua música será lembrada". Então, a pergunta que fica é: - Surgirão outros grandes astros pop de igual calibre, artistas completos e talentosos como ele? Para ficar num simples exemplo, relembro os pretensos rapazes do Oasis, que arrotaram grandezas e não conseguiram fazer nem 5% dos que os Beatles obtiveram. Gênios são gênios, ídolos eternos são ídolos eternos, e 15 minutos de fama é para quem tem pretensões e veleidades não condizentes com seu talento. E no Michael, o que mais surpreende é que, ao contrário da maioria dos artistas falecidos, não precisamos do distanciamento crítico que o passar dos anos normalmente requer para concluirmos o quão gigante e sensacional ele era.

Deus o Tenha.
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