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quarta-feira, 10 de abril de 2019

AS MALUQUICES DO HERMETO PASCHOAL E DO CESAR LOUCO NA ARARAS OITENTISTA

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O Hermeto e sua partitura
No já distante dia da graça de 12 de março de 1987, a banda do mundialmente famoso multinstrumentista Hermeto Paschoal ia fechar o "III CANTORIA DAS ARARAS" no Ginásio de Esportes de Araras, um festival de MPB criado pelo finado cantor e compositor ararense, Borg Domingues, falecido em 2001, artista que era de minha banda e parceiro de composição em muitas músicas. Foi um festival de altíssima qualidade, do qual participaram todos os vencedores de festivais do gênero do Brasil, artistas que o Borg conheceu em suas participações nos mesmos festivais. Ressalte-se que esses, eram os chamados festivais populares que ocorriam no interior de muitos Estados brasileiros, portanto, nada a ver com os festivais de TV.

O Borg, de cangaceiro, num festival em Leme, com nossa banda.

Depois do festival, o Hermeto foi convidado para ir a uma república de estudantes - a então República Covil -, e ele, para não fugir às suas costumeiras excentricidades, escreveu numa das paredes de um quarto a partitura (complexa) que se vê na foto, de uma música que fez na hora, segundo me disseram! Mas acontece que algum iluminado registrou esse momento histórico, o que pode ser checado na foto! Hermeto batizara a criação de "Música da Parede Linda"...

O flyer do festival

Wenilton e Borg
Lembro-me que, apesar do alto nível do festival, a empreitada resultou em prejuízo, pois, já que, como era de se esperar, o povo de Araras não compareceu... O Borg, nesta época, tinha um violão Ovation - a coqueluche da momento -, e que valia uma nota, e para poder pagar o show do Hermeto, teve que abrir mão de seu estimado violão!... À propósito, o mesmo se deu com um show no mesmo ginásio, em 25 de novembro de 1978, do não menor Arnaldo Baptista - sim, o Loki dos Mutantes -, quando foram fora cerca de 20 pessoas assisti-lo (eu estava lá)!... Prejuízo total, mas o maior foi o prejuízo emocional do pobre Arnaldo, que chegou a chorar nos bastidores! É que, no mesmo dia, havia um show de dança discoteque na AAA e todo mundo baixou lá!...

O "Bruxo"
No mesmo dia do show - e eu presenciei isto - o Hermeto ia dar uma entrevista à TV local a partir do hotel Diplomata, no Jardim Cândida, onde estava hospedado sozinho, e pude vê-lo em mais umas de suas excentricidades: ele pegou duas garrafas plásticas com um pouco d'água cada e começou a fazer música soprando na boca delas, e, alternando, ia bebendo a água de cada uma aos poucos, no que as "reafinava" , e, assim, ia improvisando sons tribais!... O gerente do hotel torceu o nariz para aquilo que, para mim, não era nenhuma novidade! Eu, por minha vez, me esbaldei com a performance!...

O casarão do Horto Florestal do Loreto
No final de tarde deste mesmo dia, soube que o resto da banda do bruxo se hospedou no casarão do Horto Florestal do Loreto junto da maioria do músicos participantes do festival, e lá fomos nós, eu, o Jonas Bueno, o Jairzinho Francatto (baterista de minha banda) e o Cesar Louco, outro grande amigo músico, falecido exatos 10 anos depois do Borg, portanto, 2011. Soubemos também que ia ser  servida um a canja de galinha para a galera, mas chegamos tarde e não havia sobrado nada para nós a não ser arroz e caldo!...

Wenilton e Jair, no ano anterior ao festival
Acontece que, durante o trajeto, enquanto íamos atravessando a avenida central do Nosso Teto I, o Cesar foi no banco da frente ao lado do Jair aprontando as suas costumeiras loucuras... Resultado: o Jair se distraiu com a brincadeira e acabou batendo com uma das rodas da Brasília de seu pai na guia da rotatória, entortando gravemente o eixo, mas ainda dava para dirigir!... (no dia seguinte, o pai do Jair, ao ver o estado do carro, que puxava para o lado, chegou a chorar de raiva!...)

Em vista aérea, a sede do Horto Florestal do Loreto

O lendário Cesar Louco
Depois do "jantar", já à noite, fizeram uma fogueira em frente ao casarão e rolou um som de violão e flauta ali, mas os músicos do Hermeto se limitaram a só olhar, e ficaram rindo vendo o Cesar Louco tocar suas maluquices ao violão. À certa altura, o Cesar - sabe-se lá como! - descobriu (no meio da escuridão!) um pés de rama-de-batata atrás do casarão e, após desenterrar algumas, na melhor tradição secular indígena, trouxe-as para assar nas brasas da fogueira... Foi quando um acontecimento excêntrico se deu, tão louco quanto os do Hermeto, e desta vez, quem estava no comando do espetáculo era o próprio Cesar, que, por seu histórico, poderia ser encarado como o músico equivalente local, digo, o Hermeto ararense  (sim, guardadas as devidas proporções). Mas num quesito, como se verá, o Cesar era melhor que o bruxo - digo, se não era melhor músico, era, por assim dizer, melhor causador de excentricidades... 

A capela do Horto Florestal do Loreto
Pois bem. O doido do Cesar, enquanto ia retirando das brasas as fumegantes batatas e verificando com as próprias mãos se  já estavam assadas, ia improvisando uma cantiga maluca com a voz - um scating engraçado como só ele sabia fazer: retirava as batatas das brasas e ia recolocando-as rapidamente enquanto fazia uma cantiga meio tipo Escravos de Jó (pena não haver celular na época)!... Os músicos do Hermeto se esbaldaram com a performance, riram a valer! Pena que o Hermeto não estava lá.

Jonas Bueno
A uma certa altura, estávamos eu e o Jonas na varanda do segundo andar do casarão, e lá embaixo vimos o Jair - outro maluco da noite -, que havia pegado uma folha de árvore de unha-de-vaca, cortou-a ao meio e colocou sobre o nariz simulando um raybam B&L, e depois ficou desfilando com ela pelo gramado!...

Mas o fechamento da noite com chave-de-ouro ainda estava por acontecer. Não estávamos mais lá, pois tínhamos ido curtir a final do festival com o encerramento da banda do Hermeto. Nisto, estranhamente, o Cesar não voltou para a cidade com a gente. No outro dia, rolou um papo entre os amigos em que o caseiro do Horto contou que um sujeito magrelo e cabeludo entrou no meio da madrugada na igreja do casarão, virou todos os bancos para baixo e o crucifixo da parede de ponta cabeça, e disse que ia fazer uma missa negra no local!... Desnecessário dizer que era nada mais nada menos que o Cesar!... A turma rachou o bico! 

A banda do Hermeto Paschoal em 1989

Hoje, passados tantos anos dessa saudosa e engraçada e maluca noite, fico pensando que, se caso o Hermeto estivesse lá, quem sabe não ia rolar uma jam muito maluca entre ele e o Cesar Louco aos pé daquela fogueira - o bruxo na flauta e o Cesar ao violão!

Não custa sonhar, né, galera!...
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sexta-feira, 6 de junho de 2008

O GUITARRISTA JOHN MC LAUGHLIN EM MAUS LENÇÓIS NUM IMPROVISO COM O BRUXO HERMETO PASCHOAL.

c Quem assistiu na época, ou em reapresentações na TV, do Festival de jazz de São Paulo, ocorrido há trinta anos atrás (1978), se recorda da célebre noite em que o gênio da guitarra jazz rock John Mc Laughlin se viu em maus lençóis num improviso com o bruxo Hermeto Paschoal.

É que na hora em que Hermeto se concentrava para iniciar sua apresentação, disseram que o Mc Laughlin “começou a fazer barulho com o amplificador colocado no palco”. Hermeto não gostou nada do que ouviu, e quando chegou a vez do guitarrista tocar, mandou avisar que ia entrar no palco. Mc Laughlin ficou transtornado, principalmente quando o bruxo disse que ia tocar sintetizador, instrumento que jamais havia tocado antes...

Hermeto entrou e arrasou, deixando Mc Laughlin em apuros: este se machucou um pouco na hora de improvisar pois o bruxo inventou de tocar música nordestina... Essa estilo musical costuma explorar escalas não muito convencionais na música ocidental. E o improviso feito por Hermeto explorava o uso do intervalo de quarta aumentada, “acidente” que derruba mesmo – é a dominante da dominante que aparece em momento inesperado.

Veja na ilustração um exemplo de uma melodia que usa este intervalo.











FONTE:

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